segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Nem branco, nem negro: "meia cor" (Dé Thená)

Sinto cheiro de chuva
Ouço passos marchados manchados
Vejo gotas de orvalho em seu lábio inferior
Seus olhos cegos de amor

Dona de beijo, provocante e sincero
Leve e fugaz como um beija-flor livre no céu
Um amor tão desimpedido de desejo
Quando te traio. Traio-te com você

Você disse que em Ruanda
Tem negros de olhos azuis
Existem mísseis de guerra
Aparados pela santa cruz

Diamantes e esmeraldas
Tribos de homens nus
Conheciam de escambos corriqueiros
Falava a palavra corrida do estrangeiro

Fui chutado de África Mãe
Fui vendido e ofendido, amigo meu
Eles tinham roupas, espelhos e mau cheiro
Não gostavam dos filhos meus

Levaram meu filho de terço
Levaram meu príncipe encantado
Homem branco tem piedade de mim
Homem branco é amigo meu

Em meu desespero ancestral
Sonhei que era negro no Brasil colonial
Quantos Pelés, Ademirs e brasileiros
Findou por findar

E quiçá quem diga amor tivesse cor
O mundo anda cada vez mais moreno
Raça branca, raça negra, amigo meu
O amor transformou o mundo “meia cor”

Dé Thená

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