segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

O mundo através da minha janela

Agora são quatro horas e trinta e sete minutos.

Lá fora, o sol arde como fogo, mas o sopro histérico do vento avisa que vai chover.

Trago um cigarro que, ao longo dos meus vinte e sete anos, me faz doer o peito. É como se uma cratera abrisse dentro de mim.

Moro numa viela de São Paulo. Os carros, finalmente, se consolidaram. Hoje, são mais que pessoas. Verdes são os cárceres residências e os automóveis supersônicos. As árvores são um sonho distante.

Uma cerca elétrica aramada faz minha segurança. Creio que são a prova de carros, pois, aqui, o que mais poderia me assustar?

Doutro lado da viela, um rapaz passou. Passou.

Daqui da minha janela, do terceiro andar, faço retrato do mundo. Deveras diferente do que Pessoa, Quintana e Oswald de Andrade confidenciaram-me. Talvez tenham mentido, ou quiçá, vivo em outro lugar.

Felizes são os cegos que, podem seu mundo criar. Desenham as mais lindas árvores e amores nunca vividos. Se cego fosse, poria cor a chuva e a minha viela que, embora sombria, seria o mundo, um lugar mais bonito visto pela minha janela.

Dé Santa Fé.

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