Agora são quatro horas e trinta e sete minutos.
Lá fora, o sol arde como fogo, mas o sopro histérico do vento avisa que vai chover.
Trago um cigarro que, ao longo dos meus vinte e sete anos, me faz doer o peito. É como se uma cratera abrisse dentro de mim.
Moro numa viela de São Paulo. Os carros, finalmente, se consolidaram. Hoje, são mais que pessoas. Verdes são os cárceres residências e os automóveis supersônicos. As árvores são um sonho distante.
Uma cerca elétrica aramada faz minha segurança. Creio que são a prova de carros, pois, aqui, o que mais poderia me assustar?
Doutro lado da viela, um rapaz passou. Passou.
Daqui da minha janela, do terceiro andar, faço retrato do mundo. Deveras diferente do que Pessoa, Quintana e Oswald de Andrade confidenciaram-me. Talvez tenham mentido, ou quiçá, vivo em outro lugar.
Felizes são os cegos que, podem seu mundo criar. Desenham as mais lindas árvores e amores nunca vividos. Se cego fosse, poria cor a chuva e a minha viela que, embora sombria, seria o mundo, um lugar mais bonito visto pela minha janela.
Dé Santa Fé.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário