segunda-feira, 16 de julho de 2012

À minha amada Vó Dita

Minha alma nunca se cicatrizará. Aqui, alguém que levará vosso nome além das gerações. Esta é minha missão na terra.

Fragmentos de histórias da mulher mais rica que conheci. Ela quase não tinha dinheiro e morava numa casa muito velha...

Posso te sentir
Sentir teu cheiro
Te respirar no vento

Deus te tirou de mim
Já faz um tempo
E tudo o que sinto é falta

Ah, minha vó...
Sinto tanto
Por não termos tido mais tempo

Pra conversar
Ouvir histórias

Para aprender
Que só o amor
Persiste aos sofrimentos

...

Àquele pente no cabelo
A pequena sandália
Um vestido que é só teu

Teu riso que guardo comigo
Cada marca do teu rosto

Vó,
Estou tirando meu diploma
Serei professor tal qual a Senhora
Logo começo a lecionar

Ainda não aprendi a tabuada do ‘cinco’
Mas eu gosto de lembrar
E prometo não chorar

Doce Vó,
Se pudesse te poupar àquela dor
Trocar as injeções por beijos
Ir à casa da Éti e ficar com você

Doce Vó,
Desculpe te fazer chorar
No portão da casa da rua de terra
Quando à São Paulo devia de regressar

Ah, minha vó Dita,
Esta noite sonhei contigo
E tudo que gostaria, se dono do tempo fosse,
Era voltar à infância, pra sentir teu cheiro,
Bagunçar seu cabelo, te pedir dinheiro pra gastar no bar do Seu Zé,
Te escutar as histórias de quando teu pai te punha no colo,
Comer a linguiça frita no velho fogão e tomar água gelada da geladeira amarela,
E juro, não voltaria a São Paulo, pra nunca ter te visto chorar.

André Henrique de Santa Fé

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