quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Toda guerra tem um final feliz.

O varal sem roupas,
A Árvore sem flores,
As janelas pintadas de terra,
O mato devorando as paredes e portas,
O ar, rude feito à morte.

O perfume pavoroso de pólvora, o medo contido e contínuo, o pavor cravado nas vísceras, o sangue espesso e esparramado, a fome e suas variações alucinógenas, o frio vociferante e incessante, o abandono singular em massa, a guerra, há guerra, à guerra, como uma doença crônica, corroia-nos o que sobrara dos cálidos corpos em decomposição.

Todavia, naquele casebre, donde não havia vida, estávamos seguros da morte. Precisávamos calculá-la e planejá-la. Na guerra, há de se morrer com distinção.

Ainda assim, o pulso, pulsava,
O coração, fraquejado, batia,
As pernas, trêmulas, nos mantinham.

A indústria bélica alimentava-nos de toda catástrofe e barbárie humana e, no mesmo grau, tingia-nos de todo sangue que pudesse.

Restava-nos, um ao outro, um velho casebre, uma garrafa de vodka e uma derradeira noite de amor.

Na manhã seguinte, estaríamos libertos.

Como bom ateu, beijei-a em tom de adeus. Ela sorriu e disse até logo e nos encontramos do lado de lá.

Dé Sta Fé.

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